O CAMINHO DO DISCIPULADO

07-12-2012 16:01

 

Tema: O CAMINHO DO DISCIPULADO                                               Texto base: LUCAS 9:51-56

 

51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada. 53 Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém. 54 Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? 55 Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. 56 Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para outra aldeia.

 

Divisão do texto

 

Essa porção de Lucas 9:51-56 marca o início da Caminhada de Jesus a Jerusalém que vai até o capítulo 19, v. 27. Toda esta seção se apresenta dentro do quadro da narrativa da viagem de Jesus, da Galiléia a Jerusalém. É a viagem para o cumprimento definitivo da sua missão por meio da sua morte e ressurreição.

No texto de Lucas 9:51-56 podemos ver suas divisões de forma clara:

1) Ascenção

v. 51a

Jesus se aproximava da morte, ressurreição e “ascensão”.

2) Resolução

v. 51b

Jesus estava determinado em  chegar a Jerusalém = “morte”.

3) Oposição

vv. 52-53

Jesus sofre as consequências da desavença histórica entre judeus e samaritanos.

4) Salvação

vv. 54-56

Jesus rejeita a proposta de retaliação aos samaritanos e reafirma Sua missão salvadora.

Tema

O tema desta pequena porção das Escrituras (perícope) esta relacionado com o discipulado de Jesus. Claramente o texto enfatiza a intolerância entre judeus e samaritanos, demonstrados no texto pela não acolhida a Jesus e seus discípulos, por parte dos samaritanos, pela recusa em permitir o repouso aguardado.


 

Introdução

Jesus sabendo que o tempo de sua ascensão já estava próximo toma a decisão de sair naquele momento para Jerusalém.

Lucas descreve que essa decisão ficou estampada em seu semblante. Sua disposição em seguir para Jerusalém fez com que de imediato fossem tomadas algumas medidas, tais como: encontrar um local de descanso durante a viagem.

Assim, Jesus envia alguns mensageiros adiante para preparar um lugar para pernoitar. Merece destaque nesse texto o fato de, mesmo haver outros caminhos que também levariam Jesus para Jerusalém, Jesus escolhe passar por Samaria.

Devido à hostilidade dos samaritanos, os mensageiros de Jesus - Tiago e João - propõem ao mestre que destruíssem toda a aldeia de samaritanos.

 

 

Essa desavença histórica pode ser melhor compreendida se voltarmos nossos olhos à narrativa de 2º Reis 17:24-34: Os samaritanos moravam numa região montanhosa, na região central da Palestina, entre a Judéia e a Galiléia. A cidade de Samaria foi fundada pelos próprios israelitas, mas ela se tornou um centro de discórdia desde que foi tomada pelos assírios em 722 a.C. O motivo do desacerto partiu dessa intervenção empreendida por outros povos (os Assírios): 20% dos israelitas que moravam na região de Samaria (ou seja, cerca de 30.000 pessoas), foram deportados de lá em troca de outro tanto de colonos assírios. Isso foi suficiente para mesclar o povo samaritano que conhecemos: um povo discriminado e desprezado pelos judeus.

Os judeus não se comunicavam com os samaritanos, chamavam-nos “odiosos invasores semi-pagãos”. Os samaritanos, por sua vez, incomodavam os peregrinos que subiam a Jerusalém.

 

Frente ao que Tiago e João quiseram fazer com os samaritanos Jesus responde usando a expressão “Vós não sabeis de que espírito sois”. A palavra grega para espírito é (pneu/ma - pneuma). A expressão pneu/ma (pneuma) não se restringe a respiração, mas está ligado ao comportamento. E mais! Está ligado aos atos de Jesus e os princípios por trás de tais atos: aqui o princípio principal é a preservação não apenas da alma, mas da pessoa como um todo. Nesse sentido, podemos dizer que a intolerância e perseguição são diretamente contrárias ao espírito de Cristo e do cristianismo.

Em termos mais abrangentes, podemos afirmar que tudo o que estava acontecendo na aldeia dos samaritanos é direcionado pelo Espírito Santo, o Paráclito Divino (grego koiné παράκλητος – paráklētos), senso não apenas aquele que consola ou revive, mas que preserva a vida, consolo este que se fazia necessário naquele momento, vez que, se não houvesse respeito a vida, a instrução de Jesus que ocorrida após a sua ressurreição de “fazer discípulos de todas as nações” seria, no mínimo, capenga; vez que não haveria vidas a serem salvas ou, no mínimo, seríamos coniventes com as intolerâncias sociais de nosso tempo e esqueceríamos que servimos a uma Deus de amor, graça e misericórdia.

O texto indica que essa intolerância não prejudicou a viagem, pelo contrario serviu para que Jesus repreende-se os dois, “não se paga o mau com o mau”, mas devem-se manter bons relacionamentos. Ele (Jesus) devia sofrer, “ser rejeitado” e morrer, disse Ele. Tudo o que fora escrito a seu respeito na Escritura devia ser cumprido. Por fim Lucas descreve que mesmo com a rejeição dos samaritanos Ele não perdeu o foco na missão como esta no verso 56 “Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.

Quais os fatores do discipulado na visão do texto de Lucas?

 

Primeiro: O discipulado passa pelo critério do TEMPO - v. 51...

 

“...ao se completarem os dias...”  Jesus sabia que o tempo era curto e havia muito ainda pra fazer até chegar à Jerusalém. O fator tempo é indispensável para um discipulado eficaz.

Às vezes, achamos que em 6, 8, 10 meses ou até mesmo 1 ano podemos formar um discípulo. Apegamos-nos às lições de livros e apostilas preparadas para essa finalidade. Entretanto, esquecemos que o discipulado de Jesus ocorreu em suas caminhadas. (Enfatizar o tempo de + 1 ano de licenciatura, o aguardo para a ordenação.)

algumas barreiras que Deus, a seu tempo, tem quebrado em minha vida. Uma delas está sendo em compreender o tempo de Deus para a minha vida.

Quantas bênçãos Deus tem nos dado, mas o nosso coração, insiste em focar nos momentos em que não recebemos ou mesmo não compreendemos as bênçãos de Deus para nossas vidas.

Para sermos bons discipuladores precisamos conhecer o tempo de Deus (Kairós) em nossas vidas (kronos), precisamos compreender os propósitos de Deus.

 

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1).

Somente com a mente focada em Cristo vamos poder discernir todas as coisas, o que é bom e o que não é.

14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. 1ª Coríntios 2:14-16.

 

Jesus sabia fazer uso de seu tempo como nenhum outro!

Ao perceber que o seu tempo havia chegado, resolve sair em viagem rumo à Jerusalém com um único propósito “fazer a vontade do Pai”, a vontade de Deus na vida de Jesus é que Ele dê a sua vida em favor de muitos (nos inclui no projeto da Salvação).

Nós devemos buscar fazer a vontade de Deus em nossas vidas, seguindo a Jesus:

 

23 Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23

Esse “seguir a Jesus” inclui, sobretudo, negação pessoal em favor de nosso próximo.

Paulo ao escrever aos Romanos no capítulo 12:2:

 

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

 

É conhecendo a vontade de Deus que tomamos a decisão correta!

► Vemos que o tempo é um fator indispensável no discipulado. Mas, como agir?

 

 

Segundo: O discipulado passa pelo desafio do RELACIONAMENTO - v.

 

Segundo o especialista em liderança John Maxwell[1],discipulado é relacionamento”. O discipulado de Jesus era pautado em relacionamentos. Jesus em toda sua caminhada jamais desprezou qualquer pessoa próxima[2], mesmo tendo escolhido 12 para caminhar mais próximo a Ele, haviam muitos que o acompanhavam.

A preocupação com os que caminhavam com Ele é percebida quando Jesus envia alguns para irem a frente para preparar hospedagem (Lc 9:52).

Jesus, mesmo sendo Deus, varão perfeito, poderia fazer tudo sozinho, mas Ele não dispensa a ajuda! Essa é uma preciosa lição! A VISÃO MISSIONÁRIA exige 2 ou +! Não há espaço para a autossuficiência! Como EQUIPE, podemos IR ALÉM!

Quantas pessoas já    - não aceitam ajuda e, como consequência,

                                         - não oferecem ajuda!

É um absurdo andar sozinho! A Palavra de Deus, no livro de Eclesiastes 4:9 nos ensina que “9 Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho”.

Provérbios 18:1 “Busca satisfazer seu pprio desejo aquele que se isola; ele se levanta contra toda sabedoria”. É insensato o isolamento.

Se não estamos conseguindo ver os resultados de nossa missão precisamos buscar aliados que irão nos auxiliar a alcançarmos o alvo.

 


Mesmo sabendo que os samaritanos não aceitaram (não auxiliaram) os seus mensageiros, Jesus não aceita a proposta de Tiago e João de destruir aquela aldeia.

Durante o ministério de Jesus, quantas pessoas cruzaram seu caminho?

·         Pessoas excluídas pela sociedade encontram guarida aos pés do Mestre.

·         Pessoas desvalorizadas, em Jesus, conhecem o valor da vida.

·         Pessoas sem direito a nada, recebem em Jesus o direito a Salvação!

Pessoas, sem saber, cruzaram com Jesus, no caminho que Ele percorria para salvá-las!

Vermos que o tempo é um fator indispensável no discipulado. Mas, como agir?

 

► Depois de saber que O DISCIPULADO passa:

1 – pelo critério do tempo

2 – pelo desafio do relacionamento,

...precisamos saber qual e nosso alvo:

 

Terceiro: O discipulado precisa manter o foco – v. 53 e 54

 

Nos versos 55-56 depois de Tiago e João reclamar e propor a destruição da aldeia, Jesus em um breve momento volta-se para eles e os repreende.

Jesus tinha certeza de sua missão. Sabia que, para alcançá-la, era necessário caminhar!

Suas palavras sempre foram de vida, e agora os discípulos propõe destruição. Os 2 estavam saindo do foco do propósito de Cristo para a humanidade:

Uma visão do foco:

1º - Os Samaritanos rejeitam Jesus;

2º - Os Discípulos rejeitam os Samaritanos;

3º - Jesus amou todos (...tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Atos 1:8).

- Jesus não veio para destruir, mas para salvar vidas.

Há uma estrofe do Hino "Belas palavras de vida"[3] que diz:

Só Jesus Cristo a todos dá                       Belas palavras de vida!

Sem Jesus salvação não há;                    Belas palavras de vida!

Com amor conclama,                               Para o céu te chama.

Que belas são! Que belas são! Essas palavras de vida!

Jesus não perdeu o foco! Está escrito que Jesus:

pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” Hebreus 12:2

Uma vez descoberto o rumo da caminhada que Deus traçou para cada um de nós, não podemos perder o foco no alvo, nos deixando distrair por nada.

Jesus nos deu uma missão: pregar o evangelho a toda criatura, ensinando o que Ele ensinou, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. (Mateus 28:18-20)

Nosso presidente nacional Rev. Áureo declarou em um vídeo no site oficial que a missão principal da igreja é fazer discípulos do Senhor Jesus...

 


 

 

Conclusão

 

Vimos que o caminho do discipulado de Jesus nos chama para:

1    – reconhecer qual é o tempo certo de tomar as decisões,

2    – ter bons relacionamentos, pois não se faz Missio Dei[4] sozinho e,

3    – mantermos o foco: levar palavras de salvação a todas as nações, mesmo que aconteça alguma coisa no caminho não podemos perder o foco.

 

1.- Não sabemos quando Jesus voltará, precisamos aproveitar o tempo para evangelizar e discipular os que Deus tem chamado para a salvação. Não podemos perder o foco da missão, mesmo que as propostas de morte surjam em nossas mentes, como ocorreu com discípulos.

2.- Que Deus preserve nossos relacionamentos e nos possibilite outros novos.

3.- Façamos como Jesus: olhar para o foco da missão, que é levar salvação.

 

 

Quero fazer menção aqui sobre essa questão missionária da igreja citando o artigo do Rev. Agnaldo (vice-presidente da AG da IPIB) no Estandarte do mês de agosto/2012 onde está intitulado “Anunciando a todos os povos” onde somos desafiados a pautar a nossa atividade missionária tendo sempre em mente a missão de Jesus Cristo; devemos romper as barreiras geográficas e culturais, indo além das fronteiras locais, regionais ou nacionais; cremos na parousia[5] e aguardamos o retorno visível e pessoal de Cristo, em poder e grande glória, consumando a obra da salvação. Porém, não apenas aguardamos de forma passiva; pelo contrário, a expectativa da segunda vinda de Cristo dever servir de incentivo à evangelização, pois, somente quando Cristo for pregado a todas as nações, essa promessa se cumprirá.

Que Deus nos ajude a não perdermos o foco da missão, prezando sempre os relacionamentos no tempo certo.

Oração pedindo a ajuda de Deus na missão.



[1] João Calvino Maxwell (nascido em 1947) é um autor cristão, palestrante e pastor que já escreveu mais de 60 livros, centrado principalmente na liderança. Títulos incluem “As 21 irrefutáveis ​​leis da liderança” e “As 21 indispensáveis ​​qualidades de um líder”. Seus livros já venderam mais de 19 milhões de cópias, com alguns no New York Times lista dos mais vendidos e traduções em mais de 50 línguas. {caso alguém questione quem é esse autor}

[2] Se aproximar de Jesus, embora saibamos que é Deus que se aproxima do ser humano.

[3] Hino 351 - Belas palavras de vida.

[4] Missio Dei - expressão latina que traduz um termo teológico cristão que pode ser traduzido como a "missão de Deus", ou o "envio de Deus." Missão é entendida como sendo derivada da própria natureza de Deus. A iniciativa missionária vem do próprio Deus.

[5] Parousia - se refere à segunda vinda de Cristo. O Novo testamento anuncia repetidamente que Jesus Cristo voltará algum dia. Essa será sua "visita real",  seu 'aparecimento" e "vinda" (grego: parousia). Cristo voltará a este mundo em glória. O segundo advento do Salvador será pessoal e físico (Mt 24.44;At 1.11; Cl 3.4; 2 Tm 4.8; Hb 9.28), visível e triunfante (Mc 8.38; 2 Ts 1.10; Ap 1.7). Jesus vem para encerrar a história, levantar os mortos e julgar o mundo (Jo 5.28,29), conceder aos filhos de Deus sua glória final (Rm 8.17,18; Cl 3.4), e  introduzi-los em um universo reconstruído (Rm 8.19-21; 2 Pe 3.10-13). Sua execução desta agenda será a  última fase e triunfo final de seu reino mediatário.

 

 

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