O dia em que um criança me ensinou TUDO sobre Deus...
Hospital Regional de Presidente Prudente, pronto-socorro da Pediatria.
E lá estava eu no meu plantão noturno. Já era 1:20 e enquanto estava sentado em um sofá no corredor da emergência, o sono já vinha chegando. Consegui tirar um pequeno cochilo quando de repente escuto o som inconfundível da sirene do Resgate. Na hora eu soube que o que quer que fosse, era urgentíssimo. Antes mesmo que eu pudesse me levantar do sofá, dois bombeiros entraram pela porta correndo e empurrando uma maca com um pequeno bebê. Tive a certeza que era algo sério quando reparei na expressão de preocupação do capitão do Resgate. Quando finalmente cheguei na sala de emergência pude observar a criança...
Ele estava pálido e imóvel, não se mexia nem um pouco. O bombeiro que fez o resgate disse que o pai do bebê estava alcoolizado e segurava a criança nos braços, quando de repente deixou o bebê cair e bater a cabeça no chão. O caso era grave, mas medicamos o pqueno e logo ele se recuperou. Passados 30 minutos disso tudo, eu fui checar como estava o bebê e a enfermeira pediu para que eu segurasse ele no colo a fim de que ele parasse de chorar um pouco. O bebê era bem pequeno, tinha 8 meses de idade, e meio sem jeito segurei-o nos meus braços com cuidado. Segurando ele contra meu peito, rapidamente inclinou sua cabeça no meu ombro, fechou os olhos e abraçou com suas pequenas mãos os meus ombros.
Naquele momento pra mim, algo único aconteceu... Naquele exato momento, enquanto tinha aquele bebê no meu colo, eu senti algo que jamais pensei existir.
Enquanto eu o segurava no meu colo muitas coisas se passaram pela minha cabeça.
Proteção... Ter aquele “carinha” no meu colo me trouxe uma sensação de proteção que eu desconhecia. Eu sempre ouvi pais comentando que dariam a vida pelos filhos, que protegeriam os filhos de tudo e de todos mas sempre achei conversa fiada; E do mais profundo do meu coração, naquele momento senti como se ali nos meus braços, nada pudesse tocar aquele bebê. Segurei ele firme e nada mais importava. Ali nos meus braços, ele estava seguro. Eu protegeria aquele pequeno de qualquer mal. Não deixaria que nada tocasse aquela criança. Instintivamente senti isso... Muito embora ele não fosse meu filho, naquele momento único, se preciso fosse eu daria minha vida pela dele. Tão indefeso e dependente. Eu desafiaria qualquer coisa pra garantir o sono daquela criança.
Ligação... Eu não sabia o nome daquela criança. Eu não sabia quem eram seus pais. Eu não sabia nada sobre aquele bebê, mas naquele momento senti como se eu soubesse absolutamente tudo sobre ele. Senti como se ele fosse minha responsabilidade. Senti como se tudo sobre ele importasse pra mim. Senti como se eu já conhecesse ele a muito muito tempo. Parecia que eu sabia de todas as necessidades dele.
Carinho... Quando peguei aquele bebê no colo fiz o máximo pra que ele ficasse confortável em meus braços. Rodeei seu corpo com minha mão esquerda e com minha mão direita apoiei sua cabeça. Senti um carinho que não sei definir com palavras. Eu só soube que faria qualquer coisa para deixar aquela criança confortável em meus braços.
E o mais importante disso tudo é que eu não queria absolutamente nada dele... Eu não queria que aquele bebê pudesse me agradecer, nem queria que ele me pagasse, muito menos queria que ele fizesse o mesmo comigo. Eu só queria que ele parasse de chorar e dormisse tranqüilo nos meus braços. O que eu mais queria era que ele fechasse os olhos, se acomodasse nos meus braços e dormisse ao som da minha voz. NADA, absolutamente nada que ele pudesse fazer por mim seria capaz de pagar o que ele JÁ estava fazendo por mim, deixando com quem eu cuidasse dele.
Sabe o que tudo isso me fez pensar? Que o relacionamento que Deus quer ter conosco é exatamente igual a experiência que tive com aquele bebê. Absolutamente igual. Ele quer cuidar, zelar, se ligar e se importar conosco. Mas é tão difícil viver isso, não? A maioria de nós esta acostumado a uma série de “performances” ao adorar a Deus. Muitos dizem: Ooo Glórias! Bendito Emanuel! Autor da magnificiente criação! Oh pai de supremo de louvores! Digno, digno, digno, digno és oh Rei!
Percebe o que quero dizer? Muitos de nós gostamos de dizer coisas pra Deus que nem nós sabemos muitas vezes o que são tais palavras! E quase sempre dizemos isso na tentativa de expressar nossa adoração ou nosso temor a Ele, quando na verdade, Ele nunca pediu nada disso. Lembra daquela passagem na bíblia quando Jesus foi batizado e Deus desceu em forma de pomba? Jesus não disse naquele momento: Ohhhh Santo bendito de Israel! Eis que te adoro em poder! Não... Jesus não disse nada disso. Ele apenas se manteve quieto, apreciando a atitude do seu pai. E se nem Jesus usou dessas frases de adoração pré-elaboradas, porque nós deveríamos usar? Talvez nós devêssemos abrir mão de tentar agradar Deus com nossas palavras. Pois Ele não quer nossas Palavras, Ele quer nosso coração.
Muitas vezes vivemos nossa vida tentando pagar algo a Deus. Sim, pagar a Deus. Muitos passam uma vida inteira com esse pensamento: Vou ir à igreja todo domingo, vou dar dizimo, vou ler a bíblia todo dia, vou ser um bom garoto, vou ajudar a velinha a atravessar a rua, vou dar dinheiro aos pobres e etc... Muita gente faz tudo isso, e muitas vezes faz e não percebe que esta fazendo isso como forma de pagar Deus por tudo que Ele já fez por eles. Tudo isso é muito bom e necessário? Com toda certeza! Mas sabe onde esta o engano? É tentar pagar a Deus alguma coisa... E nós, com nossa religiosidade de carteirinha, muitas vezes tentamos ir em busca Dele, pagar algo e fazer algo que Ele jamais quis que fizéssemos. Ele apenas quer que nós descansemos como o bebê que descansou nos meus braços... Apenas isso. O resto acontece por amor e apenas por isso.
Foi incrível como pegar aquele pequeno ser por alguns instantes me falou tanto sobre Deus. E uma das coisas incríveis que aprendi é que nada do que eu faça, pense, diga ou seja, pode satisfazer a Deus mais do que o fato de eu me jogar nos braços Dele, como aquele bebê.
Pare de tentar impressionar Deus com seus jargões. Pare de tentar impressionar Deus com sua freqüência na igreja. Pare de tentar impressionar Deus colocando versículos no facebook que nem mesmo você vive. Pare de tentar impressionar Deus sendo o “bom garoto(a)”. Sabe o que impressiona a Deus de verdade? Um coração sem absolutamente NADA a oferecer, por que esse é um coração que Ele precisa e QUER segurar no colo...
João Greco
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